De repente, você olha para o lado e não encontra aquele olhar pidão querendo um pedacinho do que você está comendo. Os famosos “lambeijos” dão lugar à saudade, refletida nos espaços mais vazios em casa. Só quem já perdeu um pet sabe como a experiência pode ser dolorosa. Nesse momento,estar cercado de boas estratégias pode ajudar tanto no processo de despedida do seu bichinho, como também a viver o luto.
Marta poderia ser uma cadelinha ou gatinha, mas foi o nome escolhido por Jessica Lange, 27, para a porquinha da índia que ganhou um espaço no coração da família inteira desde que nasceu. “Martinha foi um presente que a minha irmã mais nova ganhou e, como uma alergia tomou conta, acabei me tornando responsável por ela mais de perto. Estava totalmente fora dos meus planos, mas fui me adaptando até que já sabia tudo sobre como cuidar”, lembra a estudante.
O apego entre Jessica e Marta cresceu tanto que a pequena companheira viveu felizes cinco anos ao lado da jovem, até o dia da despedida em setembro deste ano. “Inicialmente, ela parou de se alimentar e beber água. Fiquei muito preocupada com a saúde dela e, então, a levamos ao veterinário. Descobrimos que Martinha já estava com alguns problemas e o mais indicado foi, infelizmente, a eutanásia”, lamenta Jessica.
Mas o que fazer quando eles se vão? De acordo com a professora de Medicina Veterinária da Facimp Wyden, Laudiceia de Jesus, é preciso considerar o local em que o pet partiu. “Caso tenha sido na casa do pet, o próprio tutor pode levar até a clínica para incineração ou providenciar por conta própria o enterro. Algumas cidades contam também com serviço de funerária pet”, afirma.
Emocionada, a estudante lembra que foi uma experiência difícil e confessa se sentir culpada pela decisão, mesmo sendo indicada pelos médicos. “Embora ela estivesse sofrendo, e eu estivesse acessando ali o sofrimento dela, a dor, ter que tomar essa decisão foi ainda mais angustiante”, afirma.
Conversar com amigos, participar de grupos de apoio ou fazer rituais de despedida são algumas orientações do professor de Psicologia do Centro Universitário Estácio São Luís, Erickson de Carvalho. “Cuidar do bem-estar emocional também é essencial, seja por meio de técnicas como mindfulness (atenção plena) ou psicoterapia, que ajuda muito nesse momento”, explica o psicólogo.
O professor esclarece, ainda, que sentir culpa ou arrependimento quando o bichinho se vai é normal. “Esses sentimentos, muitas vezes, estão associados à ideia de que poderíamos ter feito as coisas de forma diferente. Trabalhe a auto compaixão, reconheça que você fez o seu melhor e desafie os pensamentos intrusivos. Se esses sentimentos se tornarem intensos, procurar ajuda profissional pode ajudar”, conclui Erickson.