Não existe sorte num resultado esportivo. Tudo tem uma explicação. Agora quando não se consegue entender de imediato o que aconteceu, o sobrenatural costuma ser a resposta mais fácil, e isso não é só no futebol, convenhamos.

Então, a classificação histórica do Maranhão para as quartas de final da Série D do Campeonato Brasileiro de 2023 não teve nada de sorte. A campanha como um todo do time, não tem disso. O Retrô não era favorito contra o MAC. Ambos tinham as mesmas chances. Se o Retrô fosse tão superior assim, teria goleado o MAC no segundo tempo na Arena Pernambuco quando se viu ficar com mais dois jogadores em relação ao adversário por conta das expulsões de Cavi e Vander.
No jogo contra a Tuna Luso, no Castelão, na fase anterior, a derrota por 3 a 2, foi doída pelo fato de o Maranhão ter um time bem melhor e ainda assim perder. Mas no final, avançou, mesmo que nos pênaltis. Assim foi contra o Retrô. Empatou em 2 a 2 no jogo de volta após o primeiro 0 a 0 e nos pênaltis passou.
É sorte o goleiro Moisés ter qualidade e ser frio em momentos cruciais? É sorte o Maranhão ser comandado por um bom treinador, Zé Agusto? Como que é sorte a diretoria ter bancado um trabalho iniciado ainda na Segunda Divisão do Maranhense, passado pelo vice na Copa FMF de 2022, chegar ao título estadual de 2023 e estar agora no mata-mata do acesso? Isso é sorte ou o MAC colhe os frutos da equação do futebol: tempo e trabalho?
Quando você tem dois jogadores expulsos e vê o adversário jogando em casa, mas se precipitando com chutes na entrada da área, isso não é sorte. O MAC conseguiu segurar a onda, manter a força mental, como disse Zé Augusto, e isso deixou o Retrô desnorteado. Isso não é sorte, a psicologia esportiva pode explicar a “ansiedade do favorito”.
Ah, mas como o time conseguiu fazer o gol no finalzinho? Sorte, né? Claro que não. Só faz gol quem se aproxima do alvo e força o erro do adversário. Isso o Maranhão nunca abriu mão, afinal de contas se fosse pra tomar o terceiro gol, tanto faz, já que o time estava perdendo mesmo por 2 a 1. Então o lance é buscar a vitória forçando até o final. Essa equipe do Maranhão não tem medo de perder, uma vez que entende que é um resultado possível, claro. E quando você entra em campo sem esses medos, como o de perder, isso não lhe tirar a vontade de vencer.
Então, amigos. Podemos analisar tática, física, mental e tecnicamente o Maranhão e vamos entender como o time chegou até aqui. Dizer que é sorte, é tirar o esforço e a qualidade dos times envolvidos nas disputas, e escolher uma resposta fácil pra coisas que você pode não conseguir explicar.